Revista Anômalas
http://www.revistaanomalas.periodikos.com.br/article/61b9ce61a953957f7b341f04
Revista Anômalas
Artigos Dossiê

Anomalias decoloniais ou como não ser colonizadora na pesquisa

Decolonial anomalies or how not to be a researcher-as-colonizer

Anomalías decoloniales o como no ser colonizadora en la ivestigación

Andreza Oliveira Andrade

Downloads: 2
Views: 142

Resumo

Como pesquisadora que se propõe a dialogar com o universo epistêmico da decolonialidade entendo que a associação a este campo de pesquisa está para além da própria dinâmica do ato de pesquisar. Se inscreve também numa dimensão política de comprometimento com a construção de um outro mundo, livre das amarras da colonialidade, do patriarcado, do racismo e do capitalismo. Mas isto não é uma tarefa fácil, pois a colonialidade está entranhada em nossas vidas, na forma como enxergamos o mundo, nossas relações e a nós mesmas. E este texto é um pouco do relato de como, na condição de pesquisadora, me percebi reproduzindo olhares e práticas colonizadoras, mesmo dentro de uma pesquisa que se pretende decolonial. E aqui compartilho com as leitoras a forma como me percebi, no trabalho com mulheres indígenas, construindo um olhar marcado pelo meu feminismo civilizatório e colonial. Levou um tempo para me dar conta disto e as reflexões aqui presentes são justamente sobre os erros que cometi e que, infelizmente, pode ser que não sejam só meus. Por acreditar que outras pessoas bem-intencionadas podem cometer o mesmo tipo de erro ao empreender pesquisas que se pretendem decoloniais é que resolvi compartilhar algumas confissões de pesquisa.

Palavras-chave

decolonialidade, feminismo, mulheres indígenas, colonialidade

Abstract

As a researcher who intends to propose dialogues with the epistemic universe of decoloniality, I understand that working within this field entails more than the regular
dynamics of researching. There is also a political dimension that is committed with the construction of a different world, a world free from the ties of coloniality, patriarchy, racism
and capitalism. But this is not an easy task, for coloniality is embedded within our lives, in the ways we see the world, our relations and ourselves. In this sense, this text is a report on how, as a researcher, I caught myself reproducing colonial gazes and practices while developing a research I intended as decolonial. So, here I share with readers the ways in which I realized that I was constructing, while working with indigenous women, a gaze marked by my civilizing and colonial feminism. It took me some time to recognize this issue; so I reflect exactly upon the mistakes I made, which, unfortunately, may not be exclusively mine. These research confessions are ultimately being shared in the hopes of reaching well-intentioned researchers who may perhaps commit the same mistakes when developing decolonial research.

Keywords

decoloniality, feminism, indigenous women, coloniality

Resumen

Como investigadora que se propone dialogar con el universo epistémico de la decolonialidad entiendo que la asociación a este campo de pesquisa está más allá de la propia dinámica del acto de investigar. Se inscribe también en una dimensión política de compromiso con la construcción de un otro mundo, libre de las amarras de la colonialidad, del patriarcado, del racismo y del capitalismo. Mas, esto no es una tarea fácil, pues la colonialidad está entrañada en nuestras vidas, en la forma como observamos el mundo, nuestra relaciones y a nosotras mismas. Este texto es un fragmento que relata como, en la condición de investigadora, me percibí reproduciendo perspectivas y prácticas colonizadoras, aun dentro de una pesquisa que se pretende decolonial. Comparto aquí con las lectoras, la manera en que me percibí, durante el trabajo con mujeres aborígenes, construyendo una mirada marcada por mi feminismo civilizador y colonial. Tomó un tiempo para darme cuenta de esto y las reflexiones aquí presentes son justamente sobre los errores que cometí y que, infelizmente, puede ser que no sean sólo míos. Pensando que otras personas bien intencionadas pueden cometer el mismo tipo de error al emprender investigaciones que se pretenden decoloniales es que decidí compartir algunas confesiones sobre la investigación.

Palabras clave

decolonialidad, feminismo, mujeres aborígenes, colonialidad

Referências

CARVAJAL. Julieta Paredes. “Uma ruptura epistemológica com o feminismo ocidental” In: HOLANDA, Heloísa Buarque de. VAREJÃO, Adriana (Org.). Pensamento feminista hoje:
perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro, Bazar do Tempo, 2020, pp. 227-237.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago y GROSFOGUEL. Ramón. El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global / com-piladores. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos y Pontifi cia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007, pp. 127-167.
CURIEL, Ochy. “Construindo metodologias feministas a partir do feminismo decolonial” In: HOLANDA, Heloísa Buarque de. VAREJÃO, Adriana (Org.). Pensamento feminista hoje:
perspectivas decoloniais. Rio de Janeiro, Bazar do Tempo, 2020, pp. 141-162.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. Revista Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, No. 92/93 (jan./jun.). 1988b, pp. 69-82
GROSFOGUEL, Ramón. Racismo/sexismo epistémico, universidades occidentalizadas y los cuatro genocidios/epistemicidios del largo siglo XVI. Tabula Rasa. Bogotá - Colombia,
Nº.19: 31-58, julio-diciembre 2013, pp. 31-58.
GROSFOGUEL, Ramón. “O movimento negro e a intelectualidade negra descolonizando o currículo. In: BERNARDINO-COSTA, Joaze, MALDONADO – TORRES, Nelson,
GROSFOGUEL, Ramon (Orgs.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2018, pp. 223 – 246.
CERTEAU, Michel. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1992.
LUGONES, María. Colonialidad y Género. Revista Tabula Rasa, Bogotá - Colombia, nº 9, pp. 73-101, julio-diciembre, 2008. Disponível em: http://dev.revistatabularasa.org/numero- 9/05lugones.pdf. Acesso 02 out. 2021.
LUGONES, María. “Rumo a um feminismo decolonial”. In: HOLLANDA. Heloisa Buarque de. Pensamento feminista: conceitos fundamentais. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2019, pp.425-451.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón (orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales
Contemporáneos y Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007. pp. 127-168.
MALDONADO-TORRES, Nelson. Transdisciplinaridade e decolonialidade. Revista Sociedade e Estado – Volume 31. Número 1 Janeiro/Abril 2016, p. 75-97.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Políticas da inimizade. Portugal: Antígona, 2017, pp. 107- 152.
MBEMBE, Achille. Sair da grande noite: ensaio sobre a África descolonizada. Petrópolis: Vozes, 2019.
MIGNOLO, Walter D. Desobediência epistêmica: a opção descolonial e o significado de identidade em política. Cadernos de Letras da UFF – Dossiê: Literatura, língua e identidade, nº 34, 2008, pp. 287-324.
MIRANDA, Eduardo Oliveira. "O negro do Pomba quando sai da Rua Nova, ele traz na cinta uma cobra coral": os desenhos dos corpos-territórios evidenciados pelo Afoxé Pomba de Malê. 2014. 180p. Dissertação (Mestrado Acadêmico em Desenho Cultura e Interatividade) - Universidade Estadual de Feira de Santana: Feira de Santana, 2014. Disponível em: http://tede2.uefs.br:8080/bitstream/tede/97/2/Disserta%C3%A7%C3%A3o%20de%20Eduard o%20O%20MIranda.pdf. Acesso 02 jul. 2021.
MIRANDA, Eduardo Oliveira. Corpo-território; educação decolonial: proposições afro- brasileiras na invenção da docência. Salvador: EDUFBA, 2020.
QUIJANO, Aníbal, Colonialidade do poder e classificação social. In: SANTOS, Boaventura; MENESES, Maria Paula. Epistemologias do Sul. São Paulo: Editora Cortez, 2010. pp. 73- 118.
SANTOS, Boaventura de Sousa. O fim do império cognitivo: a afirmação das epistemologiasdo Sul. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.
SANTOS, Boaventura Sousa & MENESES, Maria Paula (orgs.) Epistemologias do Sul. SãoPaulo: Cortez, 2010.
VERGÉS, Françoise. Um feminismo decolonial. São Paulo: Ubu Editora, 2020.


Submetido em:
23/08/2021

Aceito em:
17/09/2021

Publicado em:
15/12/2021

61b9ce61a953957f7b341f04 revistaanomalas Articles
Links & Downloads

RAL

Share this page
Page Sections